sexta-feira, 4 de junho de 2010

Futebol: um ponto de vista feminino



Texto de Tahiana Andrade


Como mulher, confesso que não entendo e nem gosto muito de futebol. Todavia, parece que algumas coisas nos são ensinadas por osmose e, no caso do brasileiro, futebol é uma delas!

Muito se falou sobre a tal convocação de Dunga para a Copa de 2010 e ainda há muito para ser falado. Muita gente esperava que Neymar estivesse na lista. Há quem diga que Dunga deveria ter dado uma segunda chance para Adriano, e o mundo inteiro (exagero?) tem comentado e criticado a ausência de Ronaldinho Gaúcho na lista...

Sinceramente? A- D- O- R- E- I!!!

Não é porque não entendo de futebol que não posso entender de comportamento dos jogadores, certo?

Na última Copa, em 2006, o Brasil perdeu feio! O time estava repleto de 'super-jogadores'... 'Estrelas' do futebol nacional. Em campo, os jogadores mais famosos, mais invejados, mais cotados, mais bem pagos. Em cena, uma Copa que marcou um fracasso futebolístico para o Brasil, uma derrota antes mesmo das semifinais. O time de estrelas não funcionou. Torcedores tiveram sua expectativa frustrada!

Sabe por quê?

Porque essas 'estrelas' do futebol não precisam mais mostrar serviço para o futebol. Eles já possuem títulos, fama e, o mais importante, grana. Quando se convoca para a seleção jogadores menos famosos, menos ricos, menos orgulhosos (contrariando todas as opiniões de quem diz entender do esporte), proporciona-se a eles a motivação de se tornarem estrelas do futebol. A fome de bola, de drible, de gol, de vitória será, provavelmente, maior. Não há o orgulho da fama nem o desprezo pelo dinheiro. Ao contrário: há o desejo de ser o responsável por trazer para o Brasil o título de hexa!

Como eu assumi no início do post, não sei realmente muita coisa sobre futebol, não entendo quem joga bem ou não, mas entendo de motivação, de comportamento, de maturidade. Talvez tenha sido a falta de motivação de Ronaldinho Gaúcho o que mais contribuiu para a derrota do Brasil na última Copa. Provavelmente a depressão e a inconstância de Adriano (eu o diagnosticaria como ciclotímico, rs) não deram a ele o merecimento de ser convocado. Possivelmente, Neymar, em suas entrevistas, deu a Dunga a percepção de que ali, brevemente, se manifestaria uma personalidade orgulhosa, prepotente e permanente em sua imaturidade de 18 anos!

Sinceramente, torço pelo Brasil, mas não me importo muito se vamos ganhar a Copa ou não. Esse é o único momento em que o brasileiro demonstra ufanismo pelo seu país e, por causa disso, se esquece das eleições que ocorrem no mesmo ano. Também não me interesso por ver milionários ficando ainda mais milionários simplesmente por correrem atrás de uma bola enquanto ficamos desesperados em frente à televisão, torcendo e gritando, com as nossas contas a pagar nas mãos.

Brasileiro dá mais visibilidade para o futebol do que o merecido e, independente de ser homem ou mulher, há muito mais coisa para torcer em nosso país. O problema é que os convocados, nós, os brasileiros, costumamos ficar parados em campo, vendo a bola rolar, enquanto os milionários tornam-se ainda mais milionários às nossas custas!